(...)

"Mas eu não quero ir ter com os loucos", observou Alice.
"Não tens alternativa". Retorquiu o Gato.
"Nós aqui somos todos loucos. Eu sou louco, tu és louca".
"Como é que sabes que eu sou louca?" perguntou Alice.
"Deves ser", disse o Gato, "ou não terias vindo até aqui".

20090121

Torpor


Mergulhado num maciço nevoeiro
De mais um eco de minha memoria faminta,
Demoro, atordoado e sem choro.
Rodeado pelo meu próprio requintado bafo poluído,
Deixo escorrer timido para o chão imundo
O vinho de mais uma taça imoralmente servida
Sob esse amargo olhar de mágoa desdita…
 
(…fumo?)
 
Olho o ingénuo com pernas deformadas que se me aproxima,
Vulto d’um agonizante sorriso sofrido,
Esbatido numa expressão de porcelana rosada.
Sussurra murmúrios que fogem ao ouvido
Empoeirado, ignoro satisfeito
Deixando-me envolver pelo cheiro a queimado.
Vem das tuas asas” diz ele, agora em tom claro…
Acena-me um leve gesto incerto, magoado.
Deixo-me entorpecer pelo odor carbonizado
E ignoro a dor sentida
Dentro desta carcaça com vida,
Comodamente enfraquecida.

1 comentário:

Anónimo disse...

A ilustração está uma coisa de outro mundo, deixa que te diga *,D

Tinha que combinar com o poema, como é óbvio *,P