
Antes d’Outono passado,
A todos indiferente,
Fui perfeito inacabado,
Malfadada e porca gente...
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[ Desconfiado, tentado,
Aproximei-me contemplando
Aquela pequena fresta de luz
Que através do vidro rachado,
Queimou na minha pele, a forma d’uma cruz.
Deliciado com aquela dor desconhecida
Quedo, absorto fiquei. “Oh marca imaculada!”
“Ficarás para sempre” – falei.
("Morte a minha repleta de vida,
Foi a ela que antes desejei.
Mas já não quero essa divida
Pois já tenho o que sempre esperei.")
Libertei minha alma enfeitada
Da opulência e falsa riqueza
E entreguei-me à futura recordação,
Ciente do medo, da incerteza
Desta, agora minha, conjunta peregrinação,
A qual, pouco a pouco,
Me devolve a memória que julgava
Apagada, com o toque do osculo,
D’uns lábios feitos de luz alva. ]
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...entre as incertas folhas
Que lentas caíam vermelhas,
Trouxeste-me, Zéfiro alado,
O que à muito era aguardado.
1 comentário:
Quero nascer dentro de ti suave como uma pétala.
És essência pura que me completa.L
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